. Em três regiões, escolas estão sem luz, carteiras e faltam salas e professores.
Em Sergipe, 500 alunos do curso noturno estão sem aulas desde o início do ano.

Em sete escolas, no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, existem jovens que querem estudar. Mas a vontade de ter um futuro melhor esbarra em antigos problemas. Prédios caindo aos pedaços, salas de aula vazias por falta de professores e até de luz.

Turmas com aulas dia sim, dia não. Em um tradicional colégio da rede estadual do Rio, a falta de manutenção levou à interdição de um corredor inteiro de salas. Sem espaço, a solução é o revezamento. “Hoje, professor dá aula pra uma turma e só reencontra a turma em 15 dias. Não tem nada que dê jeito nisso, é quase umas férias pros alunos”, diz Almerinda de Almeida, professora.

Parece hora do recreio, mas, no pátio, estão as turmas sem aulas por falta de professores. Em uma escola de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, há ainda alunos matriculados que sequer começaram o ano letivo. “É ruim, vou crescer sem saber nada?”, questiona Tiago, de 11 anos. “Desanima, acorda cedo e não tem aula”, afirma Rosilane, 13 anos.

A angústia é maior para quem corre contra o tempo. De volta à escola aos 45 anos, Marlene Ozaléia quer ter a chance de estudar e conseguir um emprego. “Eu não posso pagar, tem que estudar no colégio público, então se o colégio público não fizer um bom ensino, eu vou estar perdida. Pior que eles ainda tem tempo, eu não tenho”, lamenta a estudante.

 
No Agreste de Sergipe, parte da turma do Ensino Médio assiste às aulas sentada no chão, ou sobre caixotes de madeira. Também faltam carteiras na Zona Norte de Aracaju: mais de 200 alunos não têm como assistir às aulas. Em outra escola, o problema é a iluminação. Há um mês, vândalos roubaram os fios de eletricidade, ainda não repostos. Quase 500 alunos da noite ainda não tiveram aulas.

Em uma escola no Guarujá, litoral de São Paulo, os cadernos de matemática estão em branco: os alunos estão sem a matéria há mais de um ano. Os pais fizeram até abaixo-assinado, em vão.

Até mesmo perto do Ministério da Educação há problemas. Em Brazilândia, cidade satélite de Brasília, os alunos fazem um só pedido: querem professores. “Isso é descaso, a gente paga imposto”.

A direção da escola de Niterói informou que as aulas serão repostas e que a Secretaria Estadual de Educação providencia a contratação de professores. Mas o revezamento das turmas vai continuar até o fim do ano, quando a reforma da sala deverá ser concluída.

A Secretaria de Educação de Sergipe disse que 10 mil carteiras serão entregues às escolas imediatamente.

A escola do Guarujá promete repor as aulas de matemática.

No Distrito Federal, a Secretaria de Educação faz um levantamento para saber quantos professores precisa contratar.